“… o paciente diabético, no geral, está divorciado de seus pés, pois…
O que é Pé Diabético?
Sintomas e Sinais
Pé neuropático: possui sensibilidade precária e boa circulação. A perda de sensibilidade nos pés os tornam vulneráveis a traumatismos, porém a boa circulação faz com que sejam mais capazes de se recuperar. O paciente diabético com pé neuropático conta com antecedentes neurológicos periféricos (choques, fisgadas, queimação). Os achados habituais são: tecidos bem nutridos, diminuição ou ausência de sensibilidade, tendência para retração dos dedos, calosidades nos pontos de pressão (feridas indolores na planta do pé denominadas mau perfurante plantar).
Pé isquêmico: possui a sensibilidade preservada e uma circulação precária. Devido à isquemia o pé é vulnerável a traumas. A isquemia torna o pé muito sensível a qualquer lesão, fissura ou inflamação. Geralmente está associado à claudicação intermitente (dor para caminhar). Os sinais de isquemia podem ser: pele seca e descamativa, ausência de pelos, atrofia dos músculos, tendência à formação de fissuras nos calcanhares, redução ou ausência de pulso e palidez. Esta falta de sangue poderá se dar pela obstrução das grandes artérias que irrigam a perna (macroangiopatia) ou pela oclusão das microartérias que irrigam os tecidos dos pés: pele, músculos e nervos (microangiopatia).
Pé infeccioso: apresenta lesões infecciosas do tipo bolhas, abscessos, presença de pús, tecido necrótico ou desvitalizado, odor fétido. Costuma ter evolução muito rápida com altos índices de amputações.
Diagnóstico
É importante considerar:
História: úlcera prévia e amputação, isolamento social, falta de acesso aos cuidados de saúde e uso inadequado de calçados;
Neuropatia: sintomas como formigamento ou dor nos membros inferiores, especialmente à noite;
Aspecto vascular: claudicação intermitente, dor em repouso, pulsos distais;
Pele: cor da pele, temperatura, edema;
Ossos e deformidades articulares: dedos em garra, martelo ou proeminências ósseas;
Também deve-se dar atenção à perda sensorial devido à polineuropatia diabética. Para tanto é feito o teste Semmes-Weinstein (monofilamentos) – utiliza um filamento sintético de 10 gramas que ao tocar o pé sofrerá uma envergadura. Ele é o suficiente para detectar a presença da neuropatia (perda da sensibilidade protetora dos pés).
Importante!
• Pacientes com presença de fator de risco devem ser examinados todos os meses ou a cada seis meses.
• Ausência de sintomas não significa que os pés sejam saudáveis; um paciente pode ter neuropatia, doença vascular periférica ou mesmo úlcera sem queixas.
• Os pés devem ser examinados com o paciente deitado e em pé, e os sapatos e as meias também devem ser inspecionados.
Identificação do pé em risco
O pé está em risco se alguns dos fatores abaixo estiverem presentes:
Categoria de risco e retorno ambulatorial:
Tratamento
- Acompanhamento médico com equipe multidisciplinar: endocrinologista, cirurgião vascular/angiologista, dermatologista e podólogo.
- Uso de calçados apropriados, de meias de algodão, evitando meias sintéticas. Utilização de antissépticos e hidratantes.
- Atenção especial às lesões de pele, calosidades, rachaduras, micoses entre dedos, afinal, elas levam às infecções.
- Nunca aquecer os pés em água morna: eles podem estar com a sensibilidade diminuída e, com isso, sofrerem grandes lesões (os pés cozinham sem que o paciente perceba)
- Nas neuropatias, fazer uso de medicações específicas
- Nas lesões isquêmicas: revascularizações ou angioplastias.
- Nas infecções: antibióticos de amplo espectro com início precoce.
- Seguir rigorosamente o quadro de categoria de risco e retorno ao consultório.