Doença Arterial Obstrutiva Periféria

O que é

Consiste no estreitamento das artérias, principalmente devido à aterosclerose (processo crônico, progressivo e sistêmico como conseqüência de uma inflamação proliferativa da superfície arterial), levando à formação de uma placa de ateroma que evolui lentamente e pode culminar com a oclusão parcial ou total dos vasos.

Causas

Os fatores de risco para contrair esta doença são:

– tabagismo: considerado em muitos estudos como o fator mais importante para doença aterosclerótica aumenta em 2 a 3x a chance de desenvolver doença coronariana e trombose nos membros inferiores.

– diabetes: acelera o processo aeterosclerótico, passando a acometer também as artérias de pequeno calibre. Estima-se que cada 1% de aumento da hemoglobina glicada (exame que identifica a quantidade de açúcar no sangue) pode acarretar aumento de até 25% de doença obstrutiva periférica.

– obesidade: leva ao aumento da resistência à insulina que é um elemento de conjunção de fatores de risco: dislipedemia, hipertensão e diabetes. Todos fatores de risco para aterosclerose.

– hipertensão arterial: níveis pressóricos máximos de 130 por 70 mmHg devem ser mantidos. Um homem hipertenso aumenta em até 2,5 vezes a chance de desenvolver doença aterosclerótica e a mulher 3,5 vezes.

– colesterol alto: deve-se manter os seguintes níveis – HDL maior do que 40mg/dl (colesterol “bom”), LDL menor do que 100mg/dl (colesterol “ruim”) e Triglicérides menor do que 150mg/dl

– homocisteína: substância que quando em excesso pode destruir o endotélio vascular, aumentando o risco de aterosclerose não somente dos membros inferiores, mas também coronariana (coração) e carotídea (artérias que levam sangue para o cérebro).

– sedentarismo: exercícios programados são de vital importância para prevenção e tratamento da circulação periférica.

Sintomas

A queixa mais freqüente do paciente é a dor do tipo claudicação intermitente (indivíduo caminha e ao atingir uma certa distância inicia quadro de dor, câimbra ou queimação do músculo) que se manifesta conforme o grupo muscular irrigado pela árvore arterial obstruída. Nas obstruções aorto-ilíacas (grandes artérias) a claudicação intermitente gera dor nas panturrilhas e nos músculos das coxas e dos glúteos. Nas oclusões do segmento fêmoro-poplíteo (artérias da coxa) a dor para caminhar ocorre na panturrilha durante a atividade física cedendo com repouso. Ainda que tenha relação direta com o grupo muscular, a dor se diferencia da presente nas doenças que acometem as raízes nervosas (como estreitamento da coluna e hérnias de disco). E quando a falta de sangue é mais intensa leva a dor contínua mesmo em repouso, podendo ser acompanhada de lesões tróficas (úlcera ou gangrena), caracterizando isquemia severa e com chances de acarretar a perda do membro.

Diagnóstico

Clínico e radiológico

diagnóstico clínico avalia a história, os fatores de risco e os sintomas (como claudicação intermitente, alterações de pele/descamação, unhas quebradiças e manchas, dor em repouso e lesões tróficas). É muito importante durante o exame físico a palpação dos pulsos para definir o grau e a localização da obstrução.

O radiológico compreende o doppler ultra-som (duplex-scan) que analisa as características do vaso, revelando seu grau de obstrução. Não-invasivo, este método apresenta boa sensibilidade e especificidade, sendo o de primeira escolha dos exames diagnósticos.

A angioressonância e angiotomografia São exames modernos, menos invasivos, proporcionando ótimas imagens. São hoje os exames utilizados para programar correções cirúrgicas.

Tratamentos

O clínico reúne o controle dos fatores de risco (pressão alta, diabetes, obesidade, tabagismo e colesterol alto), a prática de atividades físicas regulares (caminhadas diárias mostram-se eficientes no aumento da distância percorrida para pacientes com claudicação intermitente), a adoção de dietas balanceadas e a abolição do fumo.

O medicamentoso leva em conta o uso de anti-agregantes plaquetários (AAS, tidopidina ou clopidogrel), de hemorreológicos (cilostosol) e estatinas.

Endovascular – é recomendada para obstruções menores e utiliza cateteres para chegar à lesão estenótica a qual se corrige através da dilatação com um pequeno balão seguido ou não da colocação de um stent (dispositivo metálico semelhante a uma mola que mantém a artéria aberta impedindo sua reoclusão). Dispensa cortes grandes e ainda tem as vantagens de curto período de estadia hospitalar e recuperação rápida.

O cirúrgico é indicado apenas para os indivíduos com risco de perda do membro, dor em repouso ou lesão trófica e nos indivíduos ativos nos quais a dor para caminhar os impedem de executar suas atividades. Também usado nos casos em que o procedimento endovascular (angioplastias e stents) não solucionam o problema.

Dicas

As medidas gerais são: avaliação periódica de parâmetros sanguíneos, especialmente colesterol e frações (lipidograma) e glicose (glicemia em jejum), praticar exercícios físicos com regularidade (de preferência caminhada diária de 30 a 60 minutos), parar de fumar, controlar o peso corporal por meio de dieta equilibrada e com restrição à ingestão de gorduras e frituras, carnes vermelhas, açúcar, doces, massas etc. (devem ser trocadas por carnes grelhadas, peixe, frutas ou verduras frescas) e avaliação periódica do coração e da pressão arterial.

As medidas para evitar lesões nos pés são: evitar traumas, nunca aquecê-los com água ou compressas quentes, usar meias de algodão para proteger e aquecê-los (as sintéticas e de lã não devem ser utilizadas por diabéticos), secar com cuidado os espaços entre os dedos e aplicar talco antisséptico nestes locais para evitar frieiras, não usar substâncias que possam agredir a pele da região, aparar unhas com cuidado, evitar cortar calos, não andar descalço, usar calçados confortáveis, realizar higiene cuidadosa dos pés e procurar o médico regularmente.